Rodrigo Castilho Dias é graduando no curso de Bacharelado em Artes Plásticas pela Escola Guignard - UEMG (2017-) com Habilitação em Pintura. Possui passagem como bolsista de extensão pela faculdade no projeto intitulado "Paisagem (Re)Inventada" sob a orientação da Prof. Dra. Júnia Maria da Fonseca Penna (2018); atuou como estagiário no setor educativo do Museu Mineiro (dez. 2018 - jan. 2019); e é atualmente bolsista de iniciação científica do projeto "O inventário do artista Francisco Magalhães" sob a orientação da Prof. Dra. Juliana Silveira Mafra. Participou da XIX Mostra Interna da Escola Guignard tendo sido um dos artistas premiados.
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Editado: 07 de jun. de 2020
PINTURA: A TAREFA DO LUTO de Yve-Alain Bois
PINTURA: A TAREFA DO LUTO de Yve-Alain Bois
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Parabéns ao Rodrigo, pela excelente síntese do texto “Pintura: a tarefa do luto”, de Yve-Alain Bois. Buscando contribuir para a evolução da discussão, pontuarei aqui algumas outras questões que me vieram à cabeça tanto ao ler o texto, quanto ao escutar a apresentação do Rodrigo.
A constatação, por parte do autor do artigo, da influência histórica que a industrialização teve na produção artística ocidental (na pintura, mais especificamente) é muito assertiva, principalmente por utilizar um autor definitivo para discutir o problema: Walter Benjamim, que, por sua vez, evoca um outro autor emblemático para entendermos a modernidade: Baudelaire. Os bulevares recém-iluminados da Paris do século XIX estão para o flaneur nos poemas de Baudelaire de forma similar a como os tubos feitos de estanho para conservar a tinta estão para os artistas que saíram de seus ateliers para pintar ao ar livre na Inglaterra do final do século XVIII. Ou seja, da literatura à pintura, da vida à arte, os ruídos da produção em massa já não podem passar desapercebidos, a nada e a ninguém, na produções estéticas da sociedade a partir da Revolução Industrial.
A reflexão sobre a importância que os processos industriais e de reprodutibilidade técnica tiveram sobre as produções artísticas nos ajuda a entender de forma cabal a essência do surgimento e da sequência das vanguardas na arte do século XX, bem como os recorrentes escopos de morte da pintura.
Nesse sentido, arriscarei aqui fazer uma tímida cronologia de autores e seus respectivos textos que, acredito, seguirem balizados pela mesma toada proposta no texto do Yve:
1- Karl Marx (O Capital, de 1867); 2- Walter Benjamim (A obra de arte da era de sua reprodutibilidade técnica, de 1936); 3- Gui Debord (A sociedade do espetáculo, de 1967); 4- Michael de Certeau (A invenção do cotidiano, de 1980) e; 5- Nicolas Bourriaud (Estética relacional, de 1998 e Pós-Produção, de 2004).
Está presente nessa sequência de textos, uma narrativa que acompanha a reflexão de Yve, apontando tanto o surgimento do nó do problema da morte da pintura ocasionado pela industrialização (nos textos de Marx, Benjamim e Debord) quanto das possíveis soluções desse nó (nos textos de De Certeau e Bourriaud).
Ainda nesse sentido, refletindo sobre a citação que Yve-Alain fez sobre as palavras de Robert Musil no final do artigo, onde este último observa que “se alguma pintura ainda está por vir, se pintores ainda estão por vir, eles não virão de onde esperamos”, me questiono sobre a possibilidade de se identificar qual seria esse novo lugar de onde a “nova pintura” re-surgirá depois do fim da “partida: vanguardas” nesse jogo. Poderíamos, então, pensar no graffiti de rua (e algumas de suas variáveis, como por exemplo seu antecessor: o muralismo mexicano) como um desses pontos de (re)in(ter)seção da pintura no real?
Estou supondo esses exemplos como possíveis novas aparições realmente verossímeis da pintura na arte pós-vanguardas não exatamente por suas qualidades formais internas (como as próprias vanguardas costumavam valorizar para indicar os infindáveis rompimentos com os respectivos movimentos pictóricos antecessores), mas sim por sua impossibilidade de capitalizar o objeto de arte, destituindo assim, na perspectiva de Marx, o objeto de arte de qualquer possibilidade de “fetichização” mercadológica; ou seja, através de sua dessacralização e de sua re-inserção no âmago do cotidiano da sociedade.
Deixo aqui um agradecimento ao Rodrigo e ao Professor Sebastião Miguel pela inciativa de propor esse fórum de discursão, e desta forma contribuir para burlar a ociosidade intelectiva por conta de nosso atual estado de clausura.